quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Poema antigo reencontrado

Tanta coisa é necessária para se comer um tomate
Para se planar por entre astros e mariposas,
Em uma ponta surda repentina,
Desconectar teu plexo solar da carcaça de ponteiros parados
De narizes terríveis, morte pálida
Nunca mereceram ser mencionados
- Que já não valem o brilho das unhas
Norte dum mirante corado
Escolam as cascas das bananas
Me ensinam a comer mamão
E dar cambalhotas por entre raízes
Preservam a frente lunar de pura maquiagem vermelha
- Banalidade pras tuas sardas fiéis
Abertas as planícies de uns punhais
Aos nossos olhos trêmulos e brancos
Em órbita às nossas crateras
Trançando a atmosfera de Vênus
- Uma besteira desnuda pros nossos delírios
Criamos planetas onde der vontade
Matamos estrelas onde não couber saudade
- E, quem diria
Preta minha pétala desconhecida
Retrata-me teu puro e me mostra como teu ser
Que já passou do tempo do choro morrer

[Vê se te lembra
dessa tua pequena
dourada feito o céu
De unhas entre os dentes
Abertos num esquadro sem fim
que pinta o mar de rosa e roxo
cativa o futuro de aros grossos
hoje vive em marcha acelerada
montanha russa de pura alegoria
de murro em ponta de faca
de sacrifício querido
absurdo e sublime
à luz de notas tremidas]

Provavelmente de 2011

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